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Governança deve ser bem dosada em cada etapa da startup

Práticas e controles desnecessários podem comprometer o crescimento do negócio

Governança é fator relevante para o sucesso de uma startup, mas se mal dosada nos diferentes estágios de desenvolvimento pode comprometer o crescimento do negócio. Mecanismos de controle e boas práticas diminuem os riscos e facilitam captação de investimentos, porém em excesso, podem inibir o espírito arrojado do empreendedor e criar freios na velocidade de crescimento.


Nas fases iniciais de uma startup, por exemplo, a governança deve estar presente de forma mais amena, com discussão sobre os papéis e responsabilidades dos sócios e questões sobre propriedade intelectual. Mecanismos de controle interno ou estruturação de um conselho de administração não fazem muito sentido em estágio incipiente no qual nem existe uma empresa formal. Para ajudar o empreendedor a identificar em qual fase está sua startup e quais as práticas de governança são recomendadas para cada etapa do negócio, o IBGC lançou, no dia 26 de março, a publicação Governança Corporativa para Startups & Scale-Ups em evento realizado no Cubo, em São Paulo.


O documento estrutura a evolução da startup em quatro fases: ideação; validação (Minimum Viable Product, MVP); tração (Product Market Fit, PMF); e escala. A governança corporativa avança de acordo com o desenvolvimento do negócio. Os princípios foram estruturados em quatro pilares: estratégia e sociedade; pessoas e recursos; tecnologia e propriedade intelectual; e processos e accountability. A cada fase haverá uma intensidade diferente desses pilares de governança.


Além de gráficos e ilustrações que explicam a dosagem dos princípios de governança, a publicação também apresenta um check-list de temas que precisam ser avaliados em cada fase da startup, traz dicas, destaques e um glossário. Maximiliano Carlomagno, coordenador da Comissão de Startups do IBGC, diz que o documento permite que o empreendedor identifique em qual fase de desenvolvimento está seu negócio e mapeie quais pilares são preponderantes nessa etapa. Porém, Carlomagno ressalta que governança não é um pacote fechado e que cada empresa precisa avaliar de que maneira cada princípio se adequa ao seu modelo de negócio. “O caderno é muito mais um roadmap do que pode e deve ser feito em cada fase do que um conjunto de prescrições de como gerir o negócio”, explicou Carlomagno durante o evento em São Paulo.


A publicação reforça que a governança corporativa pode ter grande impacto na evolução saudável da empresa. Boas práticas desde a fase em que a startup é apenas uma ideia geram valor e possibilitam maior liquidez nas etapas mais maduras. Uma governança minimamente estruturada é um aspecto avaliado pelos investidores.


Pedro Waengertner, fundador da aceleradora ACE, conta que durante a aceleração são criadas rotinas de governança desde cedo, dando aos empreendedores noções sobre o que deverá ser reportado em futuros conselhos de administração. No final do processo, as startups têm encaminhado aspectos jurídicos da sociedade, questões de propriedade intelectual e práticas mínimas de governança, como encontros periódicos do conselho consultivo.


“Acordo de acionista torto é razão de insucesso das empresas”, aponta Eduardo Smith, fundador e gestor da 42K Investimentos, investidor anjo e mentor de startups. A startup precisa definir os direitos dos sócios para resolução de possíveis conflitos para garantir o alinhamento da empresa com os interesses dos investidores. “O investidor anjo deve pensar em como deixar o terreno ´terraplanado´ para que as venture capital (VC) façam investimentos posteriores”, explica Smith.


Na etapa inicial de investimento por fundos ou empresas de venture capital, chamado de seed (semente), são cobrados conselhos formalizados, auditorias mínimas e políticas claras de stock option (sistema de remuneração por meio de direito a compra de ações), conta Laura Mello de Andrea Constantini, co-fundadora da Astella Investimentos.


A estruturação de um conselho foi um ponto bastante discutido no evento. A cada fase da startup vai mudando a configuração do board e devem ser chamados conselheiros com expertises específicas para cada etapa de evolução. Rodrigo Baer, da Redpoint eventures, reforça que a governança depende do momento em que vive a startup. Um conselheiro externo não é prioridade em muitos casos, pois a empresa pode trazer um consultor para cobrir alguma deficiência ou necessidade, sem ter um vínculo estatutário com a empresa. Um colegiado muito formal e burocrático pode atrapalhar em vez de ajudar no crescimento.


Na fase de escala, na qual a startup já está estruturada e começa a crescer exponencialmente, os desafios de governança são maiores. Eduardo Smith aponta a construção de equipe como um fator chave para garantir este crescimento. “A startup precisa ter gente de qualidade, em maior quantidade, e com maior senioridade”, afirma. Rodrigo Baer destaca a estruturação dos processos. Os controles não devem engessar a operação, por isso devem ser atualizados com muita frequência para acompanhar o crescimento. O estabelecimento de indicadores para avaliar os caminhos que estão sendo trilhados nesse processo de escala é uma recomendação de Laura Constantini. Nesta etapa, o conselho tem papel importante para orientar e definir prioridades, diz Pedro Waengertner.

IBGC Segmentos: Governança Corporativa para Startups & Scale-Ups

https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=24050


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