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Recursos públicos para inovação são pouco acessados pelas empresas

Entidades de fomento oferecem diversos programas para projetos, muitos deles, sem necessidade de reembolso

O Brasil disponibiliza recursos públicos para investimentos em inovação, alguns sem necessidade de reembolso, mas que são poucos acessados pelas empresas. Os motivos para esse pouco interesse são diversos: excesso de burocracia; questões trabalhistas envolvendo pesquisadores; e dificuldade de estruturar projetos. “O empresariado não conhece o ecossistema de inovação e não sabe como acessar esses recursos”, afirma Eduardo Vaz da Costa, gerente executivo do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-CNI) e um dos palestrantes do fórum de debates, cujo tema foi Roadmap de inovação: Como viabilizar essa agenda, realizado no dia 22 de fevereiro, na sede do IBGC. Costa cita o Desenvolve SP, agência de desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo. Segundo ele, no exercício 2016 e 2017 sobraram no caixa da instituição R$ 850 milhões por falta de projetos.


Entre as entidades que oferecem recursos públicos para as empresas estão BNDES, FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), além do Desenvolve SP. Algumas dessas instituições têm programas de investimentos com recursos não reembolsáveis, principalmente voltados para projetos de inovação.


O Grupo Guaçu, que atua na área química, estruturou um espaço de pesquisa e desenvolvimento para a expansão de novos produtos e processos, utilizando de recursos do programa PIPE/FAPESP, voltado para inovação em pequenas empresas. José Renato Lanzi Martini, gerente de projetos de PD&I do Grupo Guaçu, conta que foram desenvolvidos dois pequenos projetos para a implantação do seu departamento. O PIPE/FAPESP liberou R$ 200 mil na primeira fase de análise da viabilidade técnica e depois mais R$ 1 milhão, para sua implantação. Martini informa que a entidade não exige contrapartida de investimento da empresa.


Tulio Ceretta Zozolotto, pesquisador de gestão de inovação da Oxiteno, ressalta que acessar recursos públicos para projetos de inovação é uma maneira de dividir as responsabilidades e os riscos dos projetos. Como parte, são subsidiados contrapartidas muito pequenas das empresas (maneira de viabilizar iniciativas que não tem garantia de sucesso) ou retorno financeiro. “O papel da liderança nesse processo é fundamental. É preciso sensibilizar a diretoria sobre a disponibilidade desses recursos e convencê-los que vale a pena acessá-los”, diz Zozolotto.


Muitos dos programas de financiamento de inovação fazem ponte entre universidades e empresas. Parte dos recursos são destinados para pagamento de bolsas para os pesquisadores, que desenvolvem seus trabalhos dentro do ambiente acadêmico ou nas próprias companhias. Uma das vantagens do arranjo é a desvinculação trabalhista desses pesquisadores com as empresas. Como as bolsas são pagas pelas entidades de fomento (mesmo que pesquisa fique trabalhando durante anos em uma empresa ou com sua atividade científica vinculada exclusivamente a ela) não é criado vínculo, e ao final do projeto não é necessário arcar com as despesas trabalhistas.


O IEL e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) criaram o programa Inova Talentos, que oferece bolsas para profissionais e pesquisadores para trabalharem em projetos inovadores desenvolvidos pelas empresas. Os bolsistas passam por programas de capacitação, orientação e acompanhamento. Costa informa que, dos mais de 500 bolsistas do programa, 65% eram contratados depois de 12 meses, e outros 15% após 24 meses.


Para ajudar as empresas a acessar esses recursos de fomento, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) criou a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), programa de estímulo à inovação das empresas por meio da interlocução entre a iniciativa privada, academia e setor público. Também foi criado o MEI Tools, que reúne um conjunto de instrumentos para fortalecer a capacidade inovativa das empresas, sendo um canal de informações atualizadas sobre os instrumentos de apoio nessa área.


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