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Crescimento sustentável depende de reformas e melhoria da produtividade

Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, destaca a importância da reforma da previdência para retomada dos investimentos

O Brasil apresenta indicadores favoráveis para a retomada consistente do crescimento econômico no curto prazo, apesar de o ritmo estar mais lento do que se esperava. Os índices de inflação estão dentro da meta, os juros reais recuaram, o real está em patamar baixo e o volume de reservas internacionais está elevado. Pesquisa Focus projeta crescimento de 2,5% entre 2019 e 2020, mas pode haver certa frustação dessa meta, informa Rubens Sardenberg. O economista-chefe e diretor de regulação prudencial e riscos da FEBRABAN participou do fórum de debates cujo tema foi o impacto do novo governo no ambiente empresarial, realizado no dia 8 de fevereiro, na sede do IBGC.


“As condições macroeconômicas são muito favoráveis e saudáveis, mas temos um problema de grande magnitude que é a deterioração fiscal”, alerta Sardenberg. Nos últimos cinco anos, o Brasil saiu de um superávit fiscal de 5% do PIB para um déficit primário de 1,5%. Houve avanços no governo Temer em relação ao ajuste das contas públicas, mas existe um problema estrutural que são as despesas obrigatórias, que têm crescimento automático.


A tarefa mais urgente do novo governo é estabilizar o desequilíbrio fiscal. O início desse processo é a reforma da previdência - despesa que mais cresce. Além das dificuldades que a proposta deve enfrentar no Congresso e perante toda sociedade, o problema, segundo o economista, é a expectativa criada em torno da sua aprovação. Caso não seja aprovada, existirá impactos nas contas de 2024 e 2025. “Estamos em uma situação entre um círculo virtuoso e um círculo vicioso”, diz.


Se a reforma for aprovada de forma ampla e profunda haverá uma redução da trajetória da dívida pública; valorização dos ativos domésticos; melhora da confiança e do quadro fiscal; aumento dos investimentos e consumo; crescimento do PIB e do emprego; e ganho de arrecadação. Em caso contrário, o círculo muda de direção. O adiamento do enfrentamento da questão fiscal aumenta a trajetória da dívida pública; piora a confiança e expectativas; desvaloriza ativos domésticos; diminui investimento, consumo, PIB, emprego e arrecadação; e piora o quadro fiscal.


Além do ajuste fiscal, é urgente a retomada de investimentos. O país sempre investiu pouco em relação às suas necessidades, apenas entre 2008 e 2014 chegou aplicar cerca de 20% do PIB. “O que era ruim ficou péssimo e no ano passado chegamos à situação dramática de investimento de 16% do PIB”, informa Sardenberg. A situação da infraestrutura é ainda mais crítica. O país não está aplicando recursos mínimos para conter a depreciação dos ativos. “A situação dos viadutos de São Paulo é o retrato da falta de investimento. A conta está chegando no ponto de vista da infraestrutura”, diz o economista.


A lentidão do crescimento econômico é bastante impactada pela baixa produtividade. Esta é uma consequência da mediana inserção do Brasil no mercado internacional. A economia ainda é muito fechada, com volume de importações e exportações baixa em relação a outros países de mesmo porte. A abertura de mercados e a integração da indústria brasileira às cadeias de produção mundiais traria ganhos generalizados em todos os setores. Porém, a maior competitividade incentivaria impactos positivos na produtividade do trabalhador. “Economias fechadas são menos produtivas. Com a abertura são feitos investimentos em produtividade, o mercado passa a ser exposto à concorrência internacional e as empresas têm acesso a tecnologias mais avançadas”, analisa Sardenberg.


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