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Inovação exige mudança de mindset

Neurociência mostra que cérebro humano tem raciocínio linear, mas mundo atual exige pensamento disruptivo

A neurociência tem ajudado o ambiente corporativo a entender os mecanismos de decisões empresariais. A estrutura do cérebro humano é linear, com pensamentos desenvolvidos sobre memórias e conhecimentos existentes. Essa forma de pensar foi fundamental para a evolução humana e impulsionou a economia, especialmente a indústria. A palavra-chave era planejamento, com números e desempenhos determinando os planos para o futuro. No século XXI, a dinâmica do mercado mudou e vive-se em um mundo disruptivo digital. Novas tecnologias e modelos de negócios colocam em xeque a velha economia e as grandes corporações. “O cérebro linear foi bom para o século passado”, afirma a pesquisadora Solange Mata Machado, pós-doutoranda em neurociências e inovação pela UFMG e diretora executiva da Imaginar Solutions, durante o 79º Encontro CCI, realizado no dia 6 de dezembro, na sede do Cubo, em São Paulo.


Para entender e acompanhar as mudanças aceleradas da transformação digital é preciso, antes de mais nada, reconhecer que trabalhamos com um mindset fixo baseado no pensamento linear. Solange explica que esse jeito de pensar é baseado na crença da inteligência nata e no alcance da capacidade máxima de aprendizado para desempenho de suas funções profissionais. Segundo ela, essa postura impossibilita a realização de grandes mudanças. A pesquisadora complementa que o mindset fixo olha a inovação e tenta enquadra-la aos conhecimentos que estão armazenados no cérebro. “Sem novas cognições vai se olhar para a inovação e enxergar o passado”, resume Solange.


No mundo disruptivo, é preciso adotar o chamado mindset de crescimento. Quem tem esse tipo de postura acredita no aprendizado contínuo, procura desafios, novos conhecimentos e não tem medo de errar. Nesse pensamento de crescimento é preciso ter flexibilidade mental para continuar aprendendo sempre. Solange conta que o cérebro tem neuroplasticidade para esse processo, pois neurônios são continuamente criados para novas cognições. “Com atenção e esforço se pode desenvolver e aprender o que quiser”, diz. Entretanto, mudar o jeito de pensar fixo para de crescimento não é algo simples. “Mudar o mindset dói. Não se muda a capacidade neuronal da noite para o dia. É preciso persistência, tempo e dedicação”, alerta.


Segundo a diretora executiva, o mundo corporativo moldou o cérebro de seus colaboradores dentro de um pensamento fixo. Ela avalia que, se uma empresa desenvolve 50 projetos de inovação, 45 deles seriam de inovação incremental, ou seja, melhorias de processos já existentes. A estrutura organizacional estabeleceu o mindset fixo e seus funcionários já não são mais capazes de gerar as inovações disruptivas, de acordo com a pesquisadora.


Flavio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures e ex-diretor do Cubo, concorda que para inovar é preciso quebrar os modelos mentais tradicionais. As estruturas das empresas também precisam mudar. Um dos grandes desafios para as lideranças, entre elas os conselhos, é dar espaço dentro das organizações para se testar novas plataformas e tecnologias. Os processos de planejamento e controle criam barreiras para mudanças radicais e falhas nos processos de desenvolvimento.


Pripas completa que o processo de inovação precisa de pessoas inquietas, ou seja, com visão de crescimento. Segundo ele, o que atrai esses novos talentos é a possibilidade de autonomia e protagonismo. “Com processos pré-estabelecidos, como essa pessoa inquieta vai trabalhar?”, questiona.


“Os conselheiros têm impacto direto nas decisões das companhias, pois moldam a sua cultura. Têm perfis brilhantes, grande expertise, mas para um mundo linear, não para o mundo exponencial que vivemos hoje”, afirma Solange.



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