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Transformação digital encontra barreiras na governança


O processo de transformação digital deve seguir quatro princípios: identificação de uma mudança fundamental; transformação de valores, crenças e habilidades das pessoas; foco nas soluções em rede; e quebra das barreiras de maior resistência. “As maiores resistências, normalmente, estão na governança do negócio”, afirma Silvio Meira, professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e fundador e presidente do conselho de administração do Porto Digital, de Recife.


Segundo Meira, muitas empresas sabem o que fazer, mas dentro da sua governança não conseguem realocar as estruturas e capacidades do seu capital humano para competição em um ambiente disruptivo. A demora na mudança de processos ou nos modelos de negócio podem ser fatais. “Bons negócios são feitos para serem perfeitos em modelos conhecidos. A maioria das empresas que quebra na transição entre ondas de inovação eram excelentes na onda anterior”, alerta Meira.


A transformação digital, de acordo com Meira, exige ousadia e ações rápidas, deixando de lado a cautela e o planejamento. “Isso é diretamente contra a governança do negócio”, avalia o professor da UFPE.


As transformações mais bem-sucedidas estão acontecendo em rede. Este é outro paradigma que tem que ser superado dentro das companhias. As companhias desenvolvem soluções compartilhadas e a execução das tarefas passa a ser descentralizada, com diferentes atores digitais desempando tarefas da operação. A empresa deixa de controlar todas as etapas do processo, pois parte das tarefas passa a ser realizada na rede. A estratégia do negócio deixa de ser a competição e fica mais focada na colaboração.


Pesquisa realizada pela Fujitsu, em 2017, mostra que somente 17% das empresas que não estão desenvolvendo soluções compartilhadas conseguem algum tipo de resultado. “Se você tentar sozinho, a chance de acertar é menor que 25%. Se fizer em rede, as chances são de nove em dez”, afirma Meira.


A transformação digital das empresas é uma medida urgente. O professor da UFPE apresenta a teoria proposta por Paul Proctor, vice-presidente da consultoria internacional Gartner. Quando 20% da receita de um segmento econômico é gerada por plataformas digitais acontece mudança radical nos modelos de negócio. Uma pesquisa realizada, em 2017, pela Harvard Business Review e Microsoft com executivos em todos os segmentos revela que 28% dos mercados já alcançou o limite de Proctor (20% de receitas digitais). A inflexão digital deverá atingir mais 56% dos mercados até 2020. “O desafio digital está acontecendo agora”, alerta Meira.


Plataformas em rede

As plataformas digitais estão substituindo os processos e serviços tradicionais. Em 2018, cada pessoa tem, em média, 219 interações digitais. Em 2020, esse número será multiplicado por três (601) e, em 2025, chegará a quase 5 mil interações com outras pessoas, empresas ou serviços. “Iremos interagir por meio de rede a cada 18 segundos”, afirma Silvio Meira, professor da UFPE. Isso não quer dizer que iremos acessar um site diferente a cada 18 segundos. Nossos relógios, carros, aparelhos domésticos, a porta de casa e outros sistemas que farão parte do nosso cotidiano irão interagir em rede para obter ou fornecer informações como se fossem você. Essa realidade vai ter impacto em todos os segmentos econômicos.

Meira lista três fatores-chave para ser bem-sucedido neste novo cenário digital. As empresas terão que oferecer uma experiência ao consumidor, não somente um produto ou serviço. Para isso será necessária uma transformação operacional, com mudanças em processos, tecnologia e maneiras de interação com o usuário. Por último, Meira afirma que os dois primeiros processos irão alterar, completamente, os negócios.



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