Divergência entre sócios é a maior causa de morte de startups
Governança ajuda a dirimir conflitos e alinhar stakeholders
Na maioria das vezes, a morte de startups não está ligada a questões tecnológicas ou à dificuldade de conquistar mercados. O que acaba com as empresas são as divergências entre sócios. “O problema surge quando se coloca o interesse pessoal ou o ego à frente do negócio. O papel do conselheiro é ser isento e priorizar os interesses da empresa”, afirma Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, durante painel sobre governança de startups do 19º Congresso IBGC.
As startups passam por diversas fases de amadurecimento: começam como uma ideia, passam pela fase de validação do produto, estruturação do negócio, ganho de mercado e vão até a fase de crescimento em escala e maturidade. Para cada uma destas etapas há instrumentos de governança que ajudam a estruturar a relação entre os sócios e garantir a sustentabilidade do negócio. “A governança para a startup tem que agregar valor. O empreendedor precisa sentir que ela está ajudando e não atrapalhando. Se ele achar que é burocracia vai abortar e perder a oportunidade de construir uma base sólida para a empresa crescer”, alerta Spina.
“No momento do caos, falar em governança passa também por este caos”, conta Monica Saccarelli, empreendedora e fundadora da Din, startup de microinvestimento. Ela foi sócia da Rico Corretora de Valores, adquirida pela XP investimentos, e sabe da importância das estruturas de governança para o futuro do negócio. Porém, Monica relata que nas startups o negócio pode mudar rapidamente, o que faz surgir uma empresa completamente nova. “Temos que achar um meio termo e tempo para criar processos e estruturar a governança. Haverá um estágio em que precisaremos nos preocupar”, relata.
Rony Meisler, CEO e co-fundador do Grupo Reserva, também passou por as diversas fases de desenvolvimento e conta que o fator que manteve a coerência entre os sócios e garantiu a perpetuidade da companhia foi o alinhamento de interesses. “O propósito é vocacional”, afirma. Apesar de já estar em fase de maturidade e de crescimento, Meisler quer manter a cultura de startup da Reserva, com “muita tentativa e erro”.