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Liderança encontra equilíbrio com valorização de características femininas

Modelo shakti propõe que poder masculino seja compensado por valores ligados ao feminino

No sistema de divindades indianas, Shakti e Shiva são representações de energias opostas, mas complementares. Shakti é a energia primordial da criação que move o universo, enquanto Shiva a força sem limites, destruidora e transformadora. Simbolicamente, Shakti está ligada à energia feminima e Shiva à masculina. As duas divindades se unem para formar a harmonia do universo. Esse mesmo conceito é representado pelo ying e yang na cultura oriental. A imagem da divindade formada por duas metades, de um lado Shiva (representando força) e do outro Shakti (vitalidade) é o ponto de partida para a liderança Shakti, modelo criado por Nilima Bhat e Raj Sisodia com característica cooperativa, criativa e empática.


“A liderança moderna é baseada no conflito, no exercício do poder. É um mundo masculino, dominado pelos homens”, analisa Nilima Bhat, durante palestra realizada no dia 27 de agosto na sede do IBGC, em São Paulo. Segundo a co-criadora da liderança Shakti, o resultado desse modelo é o aparecimento de crises, pois não há espaço para todos. É uma luta constante para ocupação de território. “Shiva sem Shakti é incompleto e resulta no caos”, diz Nilima fazendo analogia com a tradição indiana, reforçando que Shiva é a energia destruidora, no sentido de transformação constante e instabilidade.


O modelo masculino de poder pressupõe ganhadores e perdedores e está focado no interesse próprio. É um falso poder, pois ele pode ser perdido porque está em constante disputa, avalia Nilima. O verdadeiro poder, dentro da abordagem Shakti, tem que ser um jogo de ganha-ganha e com propósito do bem maior entre as partes envolvidas. Como não está baseado em conflito, o poder é ilimitado e durável.


Dentro da proposta de equilíbrio, o modelo de liderança Shakti pretende resgatar características ligadas ao feminino para criar uma gestão mais humanizada. Isso não quer dizer, necessariamente, mais mulheres em cargos de liderança. Homens e mulheres possuem tanto características masculinas e quanto femininas. “A liderança consciente é uma pessoa completa, masculina e feminina ao mesmo tempo”, diz Nilima.


“A liderança Shakti vem para entendermos como surgem os problemas gerados pelo desequilíbrio dos valores masculinos e femininos nas empresas e de que maneira reequilibrar esse conflito”, afirma Maria Silvia Monteiro, CEO da plataforma e negócios Liderança Shakti. Maria Silvia relata que, como executiva, sua postura como liderança era baseada totalmente em valores masculinos. Apesar da carreira bem-sucedida, ela relata que não era feliz e as suas atitudes faziam com que a relação com as pessoas não durasse. “Percebi de onde vinha o desequilibro, pois não carregava os valores femininos”, lembra Maria Silvia.


Características somente femininas também não são positivas. Sentimentalismo, dependência, fraqueza e atitudes irracionais são algumas dessas características. No outro extremo masculino estão a agressividade, arrogância, falta de sensibilidade e sede de poder.


O objetivo do modelo Shakti é encontrar atitudes mais balanceadas, sem abandonar a essência das lideranças ou companhias. A meta é o equilíbrio. O sentimentalismo característico do poder feminino pode se transformar em gentileza, dependência em disponibilidade, fraqueza em vulnerabilidade, irracionalidade em confiança. Características masculinas podem ser suavizadas, transformando agressividade em clareza nas atitudes, arrogância em direcionamento, falta de sensibilidade em disciplina e sede de poder em discernimento. O objetivo é encontrar o equilíbrio, mas manter a polaridade entre masculino e o feminino, resume Nilima.



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