Relatório integrado ressalta geração de valor da companhia
Modelo do IIRC é adotado por mais de 1.600 empresas de 62 países. No Brasil, 120 companhias publicam esse tipo de relatório
Mais de 1.600 empresas de 62 países, 120 delas no Brasil, adotam o relato integrado, modelo de relatório corporativo criado pelo International Integrate Reporting Council (IIRC), uma coalizão internacional formada por investidores, reguladores, empresas, organismos de normatização, profissionais de contabilidade de ONGs. O relato integrado apresenta informações sobre geração de valor dessas atividades da organização. No Brasil, empresas como Petrobras, Natura, Itaú Unibanco e BNDES adotam o modelo. “O relato integrado oferece aos conselhos e investidores uma visão mais conectada com as mudanças que estão ocorrendo no mundo no século 21”, afirma Richard Howitt, presidente executivo do IIRC, durante palestra realizada em 17 de julho, na sede do IBGC, em São Paulo.
De acordo com pesquisa apresentada pelo IIRC, 79% das empresas que adotaram o relato integrado afirmaram que houve melhora na tomada de decisões e 78% delas foi verificada maior engajamento da alta direção (conselhos, executivos e departamentos de planejamento) em relação a metas e objetivos da companhia.
A intenção do IIRC não é substituir demonstrativos financeiros, relatórios de sustentabilidade ou relatórios GRI, padrão internacional de relatórios de ações sustentáveis. “Não há competição com outros relatórios. O relato integrado faz a conexão entre esses dois blocos de informação (financeiro e sustentabilidade)”, explica Vania Borgerth, coordenadora comissão brasileira de acompanhamento do relato integrado e superintendente da Área de Controladoria do BNDES.
Framework
Como as companhias tem atividades e estruturas diferentes não existe um padrão único do formato desses relatos. As empresas criam suas maneiras de estruturar o documento de acordo com as características do negócio e das informações que querem incluir. Porém, o IIRC apresenta uma estrutura básica, chamada de framework, com os princípios que devem ser seguidos na elaboração dos documentos.
O formato proposto do IIRC avalia seis dimensões, chamadas de capitais empregados: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento, e natural. O framework não impõe indicadores de desempenho específicos ou métodos de mensuração. A empresa desenvolve a própria maneira de apresentar os impactos gerados por essas dimensões. “Cada empresa foca nos capitais que são mais críticos para o seu negócio”, explica Lisa French, diretora técnica do IIRC.
No relato integrado do BNDES, por exemplo, geração de valor do capital financeiro ganha peso. No documento são apontados quatro grupos para análise da geração de valor: sociedade, governo federal, ecossistema de negócios e o próprio banco.
Para o ecossistema de negócios, o BNDES indicou, no relato de 2017, o aumento de produtividade e da competitividade, ampliação das exportações brasileiras, desenvolvimento do mercado de capitais, incentivo à formalização (pequenos negócios) e resultados financeiros para o BNDES. “Com o relato integrado somos capazes de contar nossa história de forma mais concisa. Não usamos os relatórios para provar a necessidade da existência do BNDES, mas para mostrar como o banco contribui para o desenvolvimento do país”, diz Vania.
A comissão brasileira de acompanhamento do relato integrado foi bastante ativa durante a atualização do framework do IIRC, contribuindo com diversas sugestões na estrutura básica do documento. “Os brasileiros sempre mostraram muito entusiasmo”, conta Lisa French. A comissão brasileira tem 734 membros.
O IIRC oferece programas e recursos que ajudam na implementação do relato. A entidade tem uma rede formada por organizações que estão adotando os princípios e práticas para compartilhamento de experiências e os desafios enfrentados na adoção do documento. “O desenvolvimento do relato integrado é uma jornada”, resume Richard Howitt.