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Inovar é questão de sobrevivência para as empresas

Conselho precisa estar atento a riscos de novas tecnologias e modelos de negócio disruptivos

Inovar é fator chave para a longevidade das empresas. Inteligência artificial, robotização, realidade virtual, internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), criptomoedas, nanotecnologia e consumo consciente são algumas das tendências que colocam a alta direção das companhias em alerta. Estar atento às mudanças no mercado e estabelecer estratégias para se manter competitivo são os novos desafios dos conselhos de administração. “As empresas precisam se transformar o mais rapidamente possível senão vão morrer”, afirma Sergio Cavalcante, CEO do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR). Cavalcante foi um dos palestrantes do Encontro de Conselheiros 2018, realizado em junho, em São Paulo.


Durante o evento, apresentou levantamento da revista Fortune com as 500 maiores corporações dos Estados Unidos. A idade média das empresas, em 1955, era de 75 anos. Em 2015, caiu para apenas 15 anos. Isso significa que organizações tradicionais líderes de mercado estão agora acompanhadas de empresas jovens e dinâmicas – e, neste grupo, destacam-se as de tecnologia. “O sucesso passado não garante o futuro. Sabendo disso, você precisa pensar como mudar”, recomenda Ana Paula Pessoa, sócia e presidente do conselho da Kunumi, empresa brasileira de inteligência artificial. Ana Paula também é conselheira independente do banco Credit Suisse, em Zurique, da News Corporation, em Nova York, e da Vinci Corporation, em Paris.


Risco no horizonte

Um dos grandes desafios do conselho de administração é conseguir identificar riscos para a longevidade da companhia em um mundo em constante transformação. As ameaças ao negócio não vêm somente de concorrentes tradicionais, mas podem surgir de startups que reestruturam segmentos econômicos inteiros. Para estar atento a possíveis vulnerabilidades da empresa, o conselheiro precisa reforçar a pesquisa de tendências e observar mudanças no mercado, mesmo que pequenas.


Ameaças podem surgir de lugares inesperados. Maximiliano Carlomagno, sócio fundador da Innoscience e coordenador do grupo de estudos de startups do IBGC, conta que a maior plataforma de pagamento digital dos Estados Unidos não pertence a nenhum banco, operadora de cartão de crédito ou empresa de tecnologia (como Amazon, Apple e Google). A rede de cafeterias Starbucks tem a maior base de assinantes, com 23 milhões de usuários em seu sistema eletrônico de pagamento. “Uma empresa que vende café é a maior concorrente deste segmento”, diz Carlomagno.


O estado de alerta permanente demanda mente aberta e sensibilidade do conselheiro, além de esforço e dedicação. Pedro Wongtschowski, membro do conselho de Ultrapar, Embraer e Votorantim, afirma que o conselheiro precisa se manter informado sobre o que acontece no setor, conhecer seus concorrentes, visitar clientes, ir a feiras e eventos, viajar para o Vale do Silício e outros centros de inovação.


Wongtschowski reforça que é responsabilidade da diretoria definir os planos de ação para enfrentamento de mudanças do mercado, não do conselho. “O papel do conselho é ajudar, supervisionar e desafiar a diretoria, não de operar”, afirma. Segundo Wongtschowski, o conselho precisa perceber o momento de trocar a diretoria quando não percebe a importância da inovação ou está despreparada para conduzir o processo de transformação.


Trazer executivos com visão mais aberta sobre inovação é uma prática comum entre as organizações, indica pesquisa realizada pela McKinsey Global Institute, em 2015, com empresas de todo mundo. O estudo mostra que 50% das companhias trocou CEO ou executivos do primeiro escalão porque a liderança não entendia o risco ou não olhava a inovação para melhorar o desempenho da organização, informa Alexandre Montoro, sócio associado da McKinsey & Company.


Anderson Thees, sócio diretor e cofundador da Redpoint eventures, afirma que o conselho tem papel importante no apoio das estratégias de inovação, mas alerta para a síndrome do “check mark”. A diretoria faz uma lista de itens que considera inovadores, a empresa realiza essas tarefas e anota na agenda, sem que essas ações estejam conectadas com transformações na companhia. “O principal mandato do conselho é que a inovação esteja na agenda do CEO, fazer uma cobrança constante e não permitir o check mark”, recomenda Thees.


Além da evolução tecnológica, mudanças sociais também são fatores de risco para a longevidade das empresas. Elas também devem estar no radar do conselho. Comportamentos dos consumidores e valores ambientais não são os mesmos de décadas passadas. Internet e redes sociais impactaram como as pessoas se relacionam com as empresas e com o mundo. Procedimentos, atitudes corporativas e alguns produtos já não são mais aceitos pelo mercado. Mesmo as empresas B2B são impactadas por essas mudanças sociais, afirma Silvio Genesini, conselheiro do Grupo Algar, Cnova NV, CVC, Verzani & Sandrini e Elemídia. “Os clientes dos nossos clientes, que são os consumidores finais, estão se comportando de forma diferente”, diz.


Tecnologia é diferente de modismo

Inovação está intimamente ligada a mudanças da experiência do consumidor e modelos de negócios disruptivos. Robôs, blockchain e big data são ferramentas tecnológicas, mas não necessariamente causam impacto. “Inovação é diferente de modismo”, alerta Silvio Genesini.


Para Wilson Carnevalli Filho, conselheiro independente da Hapvida, não adianta a empresa investir na compra de soluções de prateleira se esquecer de cuidar das pessoas e dos processos internos. “Tecnologia é um negócio global com característica local. Aplicar aqui a experiência de Palo Alto (Califórnia) pode não funcionar”, diz José Rogério Luiz, sócio da ITU Partners e membro do conselho do Aché Laboratórios Farmacêuticos e do Grupo Fleury.



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