Número de mulheres no Programa de Certificação de Conselheiros IBGC cresceu em 2017
Os números ainda são modestos, mas começam a apontar para uma tendência: o aumento da participação feminina no Programa de Certificação de Conselheiros IBGC (CCI). Em 2017, 21% dos certificados emitidos foram para mulheres, com isso, no final do ano, pela primeira vez, o número de conselheiras certificadas ultrapassou os 10%, fechando em 13%.
O movimento nos primeiros três meses de 2018 parece reforçar essa tendência. Mais de 20 profissionais obtiveram a certificação nesse período. Até a data de fechamento deste texto (26/03), havia 152 conselheiras certificadas, o que representam 17% do total de CCIs.
Para entender esse movimento, o IBGC em Foco entrevistou três integrantes da comunidade CCI e que também fizeram parte das primeiras turmas do Programa de Mentoria, cuja a terceira edição deverá começar no primeiro semestre de 2018.
Durante dez anos, Regina Navarro foi presidente de subsidiária de uma multinacional americana farmacêutica e de produtos de higiene pessoal, neste período, também ocupou uma cadeira no conselho consultivo da empresa no país por seis anos. Ela tomou gosto pela participação em colegiados e, em 2014, ao encerrar sua carreira como executiva, após 36 anos na mesma empresa, decidiu que seu caminho seria tornar-se uma conselheira. “Queria - e quero - usar a minha experiência para ajudar outras empresas”, comentou. No início deste ano, ela se tornou uma conselheira certificada IBGC pela modalidade de experiência. “Quando nós mulheres conseguimos essa certificação, mostramos que temos qualificações para assumir assentos nesses colegiados”, defende Regina, que ocupou assentos em alguns boards de empresas familiares e organizações do terceiro setor, sendo a presidente do conselho curador da fundação da empresa em que trabalhou.
Nesses pouco mais de três anos desde que deixou a rotina de executiva, Regina buscou fazer cursos para se qualificar em assuntos que tinha pouco conhecimento, como gerenciamento de riscos e mercados de capitais. Para ela, participar da primeira turma do Programa de Mentoria, em 2016, fez parte desse processo de qualificação. “Os mentores nos dão dicas valiosas de como caminhar nesse novo ambiente”, explicou. A participação ajuda ampliar os contatos e expandir o relacionamento necessário para ser lembrada na hora de ser indicada para uma vaga em um colegiado.
Luciane Ribeiro foi outra integrante da primeira edição do Programa de Mentoria. Ela passou mais de 35 anos trabalhando no mercado de capitais, sendo dez deles como CEO para Brasil e América Latina de divisões de asset management de médios e grandes bancos estrangeiros. Como Regina, Luciene também obteve sua certificação pela modalidade de experiência, mas dois anos antes, em 2016.
Luciane acredita que participar do programa foi um passo importante para começar essa transição de carreira. Apesar das dificuldades de conciliar a agenda com sua mentora, Flavia Albuquerque Almeida, sócia e vice-presidente de uma empresa de investimentos, Luciene conseguiu construir uma relação entre as duas a qual classifica como “muito positiva”. Em parte, esse sucesso se deu por conta da metodologia do programa, que busca ajudar as executivas e empreendedoras a encontrar quais os seus principais pontos fortes e como elas poderiam contribuir para um conselho. “Como mulheres, eu e a Flavia vivenciamos muitas questões semelhantes”, lembra.
Nossa terceira entrevistada foi Maria Elena Cardoso Figueira. Das três foi a única que ingressou na comunidade CCI via exame. Em 2017, ela passou em duas provas e possui dupla certificação: tanto de conselheira de administração como de conselheira fiscal. Tendo passado boa parte de sua vida profissional vinculada a organizações financeiras, inclusive ajudando a implementar conselho fiscal em um grande banco no Brasil, Maria Elena resolveu reorientar sua carreira para a função de conselheira. Essa decisão se deu quando ela voltou ao Brasil após um período trabalhando no exterior. Na mesma época, precisou cuidar da saúde de um familiar. A necessidade, junto às boas lembranças do tempo em que trabalhou como conselheira fiscal, reforçou em Maria Elena a ideia de que a rotina como integrante de conselhos seria mais adequada para o seu perfil.
Para conseguir fazer essa transição de carreira, Maria Elena fez vários treinamentos, entre eles o Curso para Conselheiros de Administração do IBGC, e se aproximou do WomenCorporateDirectors (WCD) no Brasil. Foi por conta desses contatos que ficou sabendo do Programa de Mentoria em 2017. “Foi quase como um presente para mim”, lembra.
Para Maria Elena, a maneira como é estruturada o programa é “quase como se você tivesse um gestor particular para sua carreira, que a ajuda a encontrar o que você tem de qualidades e como elas se conjugam com a sua carreira profissional”, definiu.
Ela e outras mulheres executivas, que se conheceram no programa de mentoria e nas atividades do WCD, se organizavam para estudar juntas para as provas da certificação. “A cada sessão, uma de nós ficava responsável por fazer apresentação de um tema e, em seguida, debatíamos em cima”, relembrou Maria Elena. Esses grupos de estudos chegaram a reunir mais de 30 interessadas.
Programa de Mentoria 2018
O IBGC, a International Finance Corporation (IFC) e o WCD se reuniram para criar o Grupo de Trabalho Diversidade em Conselho, coordenado por Rosana Passos de Padua. Tendo como um de seus objetivos ampliar a participação feminina nos conselhos de administração das empresas, este GT criou o Programa de Mentoria.
Em 2018, 25 participantes serão acompanhadas, pelo período de um ano, por mentores especialmente selecionados pelo Grupo de Trabalho. Além de reuniões periódicas com o mentor, as mentoradas participarão de atividades em grupo para debater temas de vanguarda no campo dos negócios e da governança corporativa. Devido à alta procura, o período de inscrições já foi encerrado. Até o final do mês de abril, deverá ser anunciada a lista das selecionadas.
Para ter mais informações sobre o processo, leia o edital de seleção para o Programa de Mentoria 2018.
