O que é preciso para construir uma família empresária de sucesso no longo prazo?
Grande parte das empresas familiares no país não sobrevive à terceira geração. Algumas famílias, no entanto, conseguem superar as dificuldades e prosperar. O que essas famílias empresárias fizeram diferente? Alguns pesquisadores da Cambridge Advisors to Family Enterprise, grupo comandado pelo renomado professor John Davis, analisaram a base dados da revista Forbes para rastrear alguns exemplos bem-sucedidos e entender a razão desse sucesso.
“Nós esperamos contribuir para que existam mais casos de crescimento após a terceira geração nas empresas familiares”, explicou Eduardo Gentil, sócio da Cambridge Advisors. Ele foi o palestrante no evento “Da Empresa Familiar para a Família Empresária”, realizado no dia 21/09 na sede do IBGC.
Gentil explica que as empresas que prosperam após a terceira geração seguem um tripé: crescimento dos ativos da família; desenvolvimento da família, isto é, a gestão de talentos; e união da família. “São conceitos simples, mas que levam anos para se conseguir implementar”, afirmou Gentil.
Um dos problemas enfrentados pelas famílias empresárias é quando o crescimento de seus integrantes supera a velocidade de multiplicação do patrimônio. Segundo o palestrante, os ativos precisam ter um aumento real entre 6 e 7% por ano para sustentar os novos integrantes da família. Para isso é preciso trabalhar tanto com as melhorias na empresa como com visão de portfólio.
É importante identificar alguém da família, ou mesmo fora dela, em cada geração que seja um criador de riqueza. “Normalmente, já é possível alguém com esse perfil a partir dos 14 ou 15 anos”, disse. De acordo com Gentil, existem três tipos básicos de criadores de riqueza: os intrapreneurs, que agregam valor gerindo o negócio familiar tradicional; os entrepreneurs, que desenvolvem outros negócios fora da organização original; e os gestores de ativos, com talento para vender e comprar participações. “Na maior parte das vezes é um entrepreneur que desenvolve um negócio ligado de alguma forma ao negócio principal da família”, declarou.Esse empreendedor é apenas um dos papeis que a família precisa identificar e treinar a cada geração.
Por último, é essencial criar a “união da família”, conceito que o próprio Gentil diz parecer genérico, mas ressalta que existe uma forma de criar esses laços ao longo do tempo. “É preciso entender que nem todos vão querer ficar na empresa, mas quem for responsável por cuidar dos negócios precisa ter o apoio dos outros integrantes da família”, disse.
Segundo Gentil, a receita para fortalecer as ligações entre os parentes passa por, entre outras questões, por definir uma missão clara; compartilhar histórias e criar sentimento de orgulho do nome e dos negócios familiares; compartilhar valores, em especial, com as novas gerações; respeito à diversidade e demonstração de cuidado com o outro.
Programa Avançado
O evento também serviu para apresentar o Programa Avançado de Governança para Acionistas de Empresas Familiares, o primeiro curso internacional do IBGC, realizado em parceria com a Cambridge Family Enterprise Group e a PwC. Entre os dias 12 e 16 de novembro, acionistas e herdeiros de empresas familiares viajarão a Boston para estudar questões de vanguarda sobre governança familiar. A apresentação de Eduardo Gentil tratou de parte do conteúdo que será debatido no primeiro dia do curso.
“Elaboramos um programa que traz elementos que não costumam ser tratados nos cursos do IBGC, em especial, temas como a influência das questões comportamentais na governança, a filantropia e cyber security”, explicou Rodrigo Trentin, gerente de Educação Corporativa do IBGC.