Comissão de Comunicação e de Mercado de Capitais organiza painéis de debates
No evento foi discutido como como os conselheiros devem interagir com os acionistas, as mídias sociais e lidar com insider information
Cerca de 85 pessoas reuniram no evento "Painéis de Debates: Como os conselheiros devem interagir com os acionistas, as mídias sociais e lidar com insider information?", realizado no último dia 03 de agosto, no Itaú Cultural, em São Paulo. O evento foi idealizado pela Comissão de Comunicação e de Mercado de Capitais do IBGC, responsável pela produção de três papers, que tiveram na ocasião seus temas principais explorados nos painéis de debates com a ajuda de convidados.
O primeiro painel teve como foco o insider information, ou informações privilegiadas, leia o paper sobre o assunto aqui. “O conselho de administração deve olhar se a empresa tem políticas de divulgação de informações adequadas, isso deve estar na agenda. O conselho deve se prevenir e já pensar em uma ação caso haja vazamento de informações”, ponderou Osvaldo Siciliano, integrante da Comissão, que apresentou o documento na ocasião.
Já o convidado Roberto Reis de Freitas Júnior, head of Equities Santander Asset Management, comentou que nos Estados Unidos existe a divulgação simultânea de informações ao mercado, já que as informações interferem no preço das ações. Já aqui no Brasil é comum que organizações anunciem dias antes a data de divulgações e fatos relevantes, o que gera uma pressão de analistas para conseguir informações privilegiadas.
“Hoje, muitas empresas brasileiras já não falam mais sobre resultados trimestrais por este motivo. Resolveram divulgar toda a informação na hora certa, de uma vez, para evitar distorções. Estamos na busca de instituir que a informação seja divulgada ao mesmo tempo, para todos”, comentou.
Já o segundo painel de nome Conselho de Administração e as Mídias Sociais, leia o paper aqui, contou com a presença do convidado João Elek, diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobras.
“Eu faço muito uso das mídias sociais para o resgate da reputação [da Petrobras]. A área em que trabalho tem que ser discreta, mas quando quero passar uma informação que reverbera, eu uso as redes sociais para atingir milhões”, disse Elek.
Para ele, o impacta das redes sociais ainda é subestimado por muitos gestores e organizações. “Enquanto se está ocupado olhando números, a marca pode estar indo ‘para o ralo’ nas redes sociais. O conselho de administração que não é atento a realidade das mídias sociais está perdendo oportunidades”, opinou.
Na mesma linha veio o discurso de Patricia Peck, Sócia Fundadora e Diretora de Inovação do Escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, que ressaltou que o alto comando das organizações deve utilizar as redes sociais com cautela. “Cada vez mais, a vida pública e privada se misturam. Quando um alto executivo posta algo que não condiz com a missão, visão e valores da empresa na qual trabalha pode parecer que tudo que é dito pela empresa é falso. E isso também afeta o jeito com que os stakeholders percebem a imagem da organização”, alertou.
Por fim, o terceiro painel falou sobre Comunicação entre o Conselho De Administração e o Acionista, leia documento aqui. O convidado Roberto Teixeira da Costa, membro do Conselho de Administração da Sul América S/A. e do Interamerican Dialogue de Washington, deu sua visão sobre a diferença da atuação do conselheiro no Brasil e nos Estados Unidos.
“A diferença é a estrutura das corporations. O board nos EUA decide a estratégia da empresa e pode até mesmo mudar o presidente. O investidor quer entender o que gera valor no longo prazo e demanda mais do conselheiro lá fora. Agora, os conselhos brasileiros precisam se preparar para este movimento e entender que serão demandados pelos acionistas”, finalizou.