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Embaixador Rubens Barbosa faz um chamado para que as empresas brasileiras se preocupem com a polític

“A separação que existiu até aqui entre política econômica doméstica e a agenda externa está desaparecendo. Quem não entender isso, vai sofrer as consequências”. Essa foi a previsão do embaixador Rubens Antonio Barbosa, no último dia 30 de março, durante palestra "Reinserção do Brasil no novo contexto internacional", que antecedeu a Assembleia Geral Ordinária do IBGC.

Segundo o embaixador, para que as empresas não sejam surpreendidas pelas alterações na econômica global é necessário entender e analisar a conjuntura internacional. Por esta razão, os conselhos de administração precisam estar mais atentos aos movimentos da agenda internacional.

“A única certeza que nós temos hoje na agenda externa é a incerteza”, declarou Barbosa. Segundo ele, essa incerteza já era sentida há alguns anos com a crise nos organismos multilaterais, por exemplo, com a Organização Mundial do Comércio (OMC), e piorou com a eleição do Donald Trump à presidência dos EUA.

Para Barbosa, o novo presidente americano aponta para mudanças na política da principal economia mundial ao criar barreiras de importação, descumprir acordos de preservação ambiental e na escalada dos gastos bélicos. Mas, na opinião do embaixador, os EUA não são a única fonte das incertezas. A China, o maior parceiro comercial do Brasil, também planeja mudanças na sua estratégia de desenvolvimento e pretende aumentar a sua autonomia industrial, diversificando e complexificando o seu parque. Nessa lista, Barbosa também inclui a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), as tentativas de Putin de recolocar a Rússia como um dos principais atores globais, a questão nuclear do Irã, o crescimento do terrorismo e a guerra contra o Estado Islâmico.

O cenário apontado pelo embaixador deve ser levado em conta pelos agentes de governança, em especial, os membros de conselhos de administração. Analisar as oscilações na política internacional são importantes tanto para gestão de risco como para a identificação de oportunidades. Afinal, como Barbosa afirmou durante o evento “o Brasil não é uma ilha. O Brasil não está isolado do mundo. Precisamos encontrar o nosso lugar no mundo que seja compatível com o nosso tamanho.”

Atuação internacional do Brasil

O embaixador Barbosa também lamentou a diminuição da importância dada pelo governo federal para a política externa nacional nos últimos sete ou oito anos. “O Brasil ficou fora do radar internacional nesse tempo”, afirmou. Ele lembrou que o país chegou a perder direito de voto em algumas organizações pelo atraso de pagamentos. Barbosa lembra que a regularização desses débitos contribui para que possamos criar uma nova estratégia para a política internacional para o país.

Em seguida, ele elencou alguns pontos que defende que devem estar nessa nova estratégia. Uma questão é retomar as relações com os países desenvolvidos, que acabaram preteridas devido a uma atuação mais intensa com o os países em desenvolvimento.

Outro ponto defendido pelo embaixador é que o Brasil deve participar das negociações bilaterais de acordos comerciais. Segundo ele, as negociações no âmbito da OMC são mais difíceis até por conta do aumento do número de países. Inicialmente eram 52, hoje são 192. “Questões importantes que afetam o meio ambiente, a regulamentação do comércio eletrônico e o mercado de trabalho não estão mais sendo definidas na OMC”, avalia.

Mas participar de acordos bilaterais, na opinião dele, não deve significar que o Brasil abandone as ações nos organismos multilaterais e atuação em nível regional junto com os países do Mercosul e outros países da América do Sul.

Pouco interesse da sociedade civil e das empresas

“Começa a existir um interesse maior em relação às relações internacionais”, comentou. Porém, ele acredita que ainda se dedica pouca atenção a esses temas, seja dentro das organizações da sociedade civil, nas empresas ou na política. “As pessoas ainda não percebem a relação entre economia e comércio exterior, entre desemprego e a situação internacional”.


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