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Trilhas gerais do 17º Congresso do IBGC trouxeram debates sobre cultura, reputação e inovação

Com o tema “Governança Corporativa: Essência e Aparência”, o 17º Congresso do IBGC dedicou cinco de suas trilhas simultâneas a temas gerais de governança. A primeira trilha geral, de nome “Desafios do Comportamento Organizacional” recebeu a presidente da Microsoft no Brasil, Paula Bellizia, que falou sobre a mudança do negócio da empresa que “deixou ser uma transação de produtos para ser uma relação com consumidores”.

Do painel também participou Abjarbas Guerra, gerente-geral de Controladoria Corporativa da Fibria, que relatou que o passado de conflitos da companhia com as comunidades locais impactadas pelos seus negócios levou a alta administração refletir sua relação com seus principais stakeholders.

“Tivemos um passado de conflitos, temos um presente de diálogo e almejamos um futuro de cooperação”, sintetizou Guerra. Também participou do painel Tania Casado, professora da FEA/USP, como moderadora.

O painel “Reputação na era da transparência” contou com Bolívar Lamounier, diretor-presidente da Augurium Consultoria, que trouxe sua bagagem sociológica para explicar a mudança de percepção da sociedade com relação à democracia, e sua tomada de consciência quanto à necessidade da vigilância do poder.

“Até muito recentemente, éramos complacentes [com a falta de ética dos que detêm o poder] por questões históricas e culturais. Hoje, a mudança se dá pela pressão que estamos submetidos por sermos mais globalizados; pela pressão interna dos fatos; passamos a ser um país demograficamente urbano”, avaliou.

Já para Marcus Dias, diretor executivo do Reputation Institute no Brasil, trouxe para o debate o fator reputacional dentro das organizações. Para ele, um assunto caro às organizações que pretendem preservar seus negócios de forma sustentável. “A construção da reputação tem que ter uma identidade forte, tem que buscar sua essência, no seu DNA, suas origens e seus propósitos. A gestão de reputação é gestão de negócios e precisa vir de cima”, observou.

O terceiro painel geral tratou de um modelo de investimentos que tem ganhado espaço no mercado brasileiro: o corporate venture. Ele consiste em aplicar recursos em empresas que estão se desenvolvendo (startups), com o objetivo de gerar ganhos futuros. Participante do painel, Anderson Thees, sócio diretor da Redpoint eventures, contextualizou os presentes.

“É importante ressaltar que startups não são pequenas empresas. São empresas enormes, mesmo quando estão com a estrutura enxuta. Por isso, é importante que a governança corporativa seja instituída desde o nascimento desta empresa, logicamente que ajustada a seu tamanho”, disse o investidor.

Já Carlos Kokron, vice-presidente da Qualcomm e diretor executivo da Qualcomm Ventures para a América Latina, explicou que existem diferentes formas de atuação do corporate venture. “Ele pode atuar com uma equipe própria, como nós, outra forma é se investir em um fundo gerido por profissionais e deixar com que os gestores do fundo tomem as decisões de investimento”. Ambos os painelistas alertaram que investimentos neste tipo de empresa são de longo prazo e que os retornos vêm, em média, sete anos depois.

Revisão dos níveis diferenciados da Bolsa

No segundo dia de evento, Flavia Mouta, diretora de regulação de emissores da Bolsa, moderou o painel sobre “Revisão dos níveis diferenciados de governança da BM&FBovespa”. Mouta abriu o painel com a reflexão de que o Novo Mercado foi um marco de governança corporativa no Brasil e deve ser constantemente atualizado.

Os participantes do painel puderam escolher os itens para comentar. A painelista Brunella Isper, CFA – Investment manager da Aberdeen, comentou sobre conselheiros independentes. “Mínimo de 30% de conselheiros independentes seria um nível mais adequado e alinhado as práticas internacionais de governança. Gostaríamos que no futuro as regras do Novo Mercado e N2 fossem adotadas por todas as empresas”.

Já Marcelo Mesquita, sócio fundador da Leblon Equities, criticou que sejam feitas normas iguais para todas as companhias, independentemente de seu tamanho e segmento. “É muito difícil ter sucesso no sistema que está proposto, de aderir a um sapato igual para todo mundo. A forma mais eficaz de evoluir o mercado é concorrência. Um rating de governança talvez seja mais eficiente para indicar como a empresa está em nível de governança. Hoje tem coisas na proposta de revisão que não fazem sentido para empresas pequenas”, declarou.

José Roberto Borges Pacheco, diretor estatutário de Relações com Investidores da OdontoPrev, também falou sobre um ponto divergente. “Para nós, é muito natural fazer a divulgação mínima, média e máximas da remuneração dos administradores. É uma pena que no Brasil de 2016 ainda haja a discussão sobre divulgar ou não. A maioria dos empresários não percebe a oportunidade da transparência, essa é uma demanda que já vem há muitos anos”.

Por fim, Rodrigo de Macedo Alves, disse que deve haver um esforço maior na avaliação dos conselheiros para que a governança não fique apenas na aparência. “Não se deve apenas criar um livro de regras definidas sobre o que o conselheiro independente deve ou não fazer”.

Já o último painel abordou a responsabilidade dos administradores com a presença de Ary Oswaldo Mattos Filho, professor sênior da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas; Francisco Eduardo Loureiro, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo; Paulo Cezar Aragão, sócio da BMA Advogados; e como moderador Heródoto Barbeiro, editor chefe e âncora do Jornal da Record News/Portal R7.

A cobertura completa dos painéis estará disponível na IBGC em Foco Especial, edição de dezembro/janeiro.


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