Congresso deste ano dedicou cinco painéis para temas pertinentes à realidade das empresas familiares
Destaque na Governança Corporativa da América Latina e do mundo, o Congresso do IBGC abordou o tema “Governança Corporativa: Essência e Aparência” e dedicou cinco painéis a temas que envolvem a gestão de empresas familiares. O programa foi desenvolvido para que sócios, herdeiros, sucessores e executivos de empresas familiares compartilhassem suas perspectivas, apresentassem as questões críticas que enfrentam e desenvolvessem soluções.
A Trilha de Empresas Familiares foi aberta com o tema “Governança: um processo estratégico para a gestão” e contou com a moderação de Olga Colpo, sócia da OC Governança Estratégica. “A boa governança corporativa tem sido sinônimo de confiança e transparência nas organizações. Mesmo empresas familiares pequenas têm estruturado processos de governança para agregar valor e impulsionar o negócio”, iniciou Colpo, que complementou: “Não ter um bom modelo de governança destrói valor, e isso também ocorre quando o modelo de governança vigente não funciona”.
A quarta sessão abordou “A governança nas empresas familiares assegura a longevidade”. O primeiro a se apresentar no painel foi o diretor da Ibema Participações, Fabio Napoli Martins, que contou como foi a implementação das boas práticas em sua organização. “A família tem que entender e respirar o negócio, mas existem fóruns adequados para tratar cada assunto.
Decisões de negócio não devem ser tomadas durante a macarronada de domingo”, opinou.
Já para o palestrante do mesmo painel, Jorge Eduardo Beira, presidente do conselho de administração da Ypê, disse que a principal quebra de paradigmas para sua família foi entender o real significado da governança no negócio. “Em 2000, entendemos que com a família crescendo e indo para a 3º geração, a governança corporativa seria a única maneira de perenizar o negócio. Entendemos que governança era realmente uma estratégia”, comentou.
A quinta e última sessão voltada às empresas familiares do dia recebeu Maria Eduarda Brennand Campos, presidente do conselho de família do Grupo Cornélio Brennand, e Raphael Klein, cofundador do Instituto Samuel Klein, para contarem suas histórias de sucessão.
Ao final do primeiro dia de evento, foi lançado o Caderno de Governança da Família Empresária: conceitos básicos, desafios e recomendações, que apresentado por Monika Conrads, coordenadora da comissão de Empresas de Controle Familiar e presidente do conselho da Duas Rodas Industrial.
Segundo dia
A preparação dos jovens da família no processo sucessório foi tema da sexta sessão do 17º Congresso do IBGC. Representantes de duas tradicionais famílias empresárias contaram como foram as passagens de “bastão” para as gerações seguintes. Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da Raia Drogasil, contou como tem sido a preparação da quarta geração da família e o primeiro impacto que ela causou ao chegar na organização.
"Tínhamos uma geração com visão de estratégia extraordinária, mas que não era próxima ao negócio. Tínhamos um distanciamento grande da operação. Estávamos sempre pensando o futuro que viria, com três anos de antecedência. Mas aceleramos demais", disse.
Já o vice-presidente do conselho da Hejoassu, José Ermirio de Moraes, conta que o processo sucessório se dá por meio do conselho de família, que segundo ele, “ajuda na preparação dos jovens no sentido de 'não dar o peixe, mas ajudar a pescar' e buscar seus caminhos, como uma curadoria do legado da família”. “Existem melhores práticas, nós cumprimos, mas cada família vai achar sua maneira de fazer sucessão”, concluiu Moraes.
Já a última trilha mostrou que a busca pela inovação deixou de ser tema para empresas aventureiras e deve ter tema prioritário nas reuniões do conselho de administração. De acordo com Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral e moderador do painel, há pesquisas que indicam que as agendas dos conselhos de administração no país ainda são, predominantemente, voltadas para o passado.
Também munido de pesquisa, Eduardo Fusaro, diretor da Strategy&, mostrou que o investimento em inovação nas empresas familiares está atrelado à performance das organizações. “A receita é investir mais? Essa não é a solução, é preciso encontrar o equilíbrio”, avaliou.
Para Janc Aguiar Lage, diretor de tecnologia e inovação do Grupo Águia Branca, as empresas não têm mais opção. "Inovar é arriscado, mas não inovar pode levar a fatalidade do negócio", concluiu.