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“Sistema estruturado de governança fortalece ainda mais a cultura da organização”, recomenda Cláudia

Especialista em governança estrutura negócios familiares há mais de 20 anos

Parte do comitê coordenador do Capítulo Rio Grande do Sul, braço regional do IBGC responsável pela disseminação da governança corporativa na região, Cláudia Tondo foi a entrevistada convidada da IBGC em Foco nº 81, que tem como tema especial a gestão e governança nas empresas familiares.

Consultora em Empresas Familiares e Famílias Empresárias desde 1993, Tondo faz parte do quadro de instrutores do IBGC que ministra o curso Governança Corporativa para empresas familiares em diversas regiões do Brasil.

IBGC em Foco: Em um momento em que escândalos corporativos abalam o mercado brasileiro, fala-se muito sobre a efetividade real da governança corporativa. Como a conjuntura atual, com exigências cada vez maiores em termos de regras e controles, têm impactado as empresas familiares?

Cláudia: O que observo junto às famílias empresárias com as quais trabalho é que elas estão sempre muito atentas a caminhos e métodos para conseguir continuar prosperando, melhorando, ou mesmo sobrevivendo em ambientes adversos. Neste sentido, a governança, tanto a corporativa quanto a governança familiar têm sido uma forma de ajudar a fortificar tanto as relações nos negócios quanto as familiares para suportar os desgastes de nosso contexto. Conselhos tendem a propiciar uma maior estabilidade às tomadas de decisão no negócio e na sociedade, o que é muito importante, especialmente em um cenário instável.

IBGC em Foco: Por que a adoção das boas práticas de governança corporativa são fundamentais para a perenidade das organizações de controle familiar? Quais seus benefícios?

Cláudia: A partir de uma segunda geração, as famílias e as empresas que adotam práticas de governança tendem a possuir uma maior estabilidade em relação a seu planejamento e sustentabilidade. Digo a partir de uma segunda geração porque, em geral, na primeira geração existiu um(a) fundador(a)-empreendedor(a) que deu um claro rumo para os negócios. Em boa parte dos casos, a partir de uma segunda geração, é necessário um grupo e estruturas decisórias para substituir o (a) fundador(a). Neste sentido, os conselhos e comitês tendem a garantir uma maior estabilidade aos rumos da empresa e uma maior profissionalização.

IBGC em Foco: Qual a influência da cultura organizacional para a efetividade da governança corporativa nas organizações de controle familiar?

Cláudia: Uma enorme influência. As práticas de governança necessitam possuir uma ampla coerência com a cultura de uma família empresária e de sua empresa. Antes de tudo, a família precisa, seja como sócia ou como gestora, sem abandonar seus princípios e valores, dar um amplo suporte para que um processo de estruturação de governança realmente aconteça. Uma governança estruturada tende a fortalecer ainda mais a cultura que foi (e é) a fonte para o sucesso de um negócio.

IBGC em Foco: É papel do conselho de administração disseminar a cultura da organização pela empresa? O órgão deve dar o exemplo?

Cláudia: Com certeza, o conselho de administração deve disseminar a cultura de uma empresa. Todos os órgãos de governança precisam incessantemente apoiar e embasar os aspectos saudáveis e produtivos da cultura de uma organização.

IBGC em Foco: É saudável para a empresa ter membros da família na composição de um conselho de administração?

Cláudia: Se existirem membros da família preparados para este papel, sim. É saudável que, por meritocracia, membros da família ocupem lugares em Conselhos, pois tendem a ser os guardiões da cultura que construiu o sucesso da empresa.

IBGC em Foco: É possível a implementação de uma gestão de riscos corporativos em uma empresa familiar? Essa gestão de risco deve ser acompanhada pelo conselho ou pelo CEO?

Cláudia: Com certeza é possível a implantação de uma gestão de riscos corporativos em uma empresa familiar. Muitas destas empresas, através de sua cultura, seus valores e da sua “forma de ser” possui a gestão de risco de forma natural. Na medida em que a governança é implementada, esta gestão se torna mais explícita e clara.

IBGC em Foco: O tema sucessão ainda é um tabu em muitas empresas familiares. Pela sua percepção, fundadores de empresas já entendem a importância de preparar sucessores?

Cláudia: Sim e não. Comecei a trabalhar diretamente com famílias empresárias em 1993. Naquela época, a maioria dos processos de sucessão ocorriam através do falecimento da liderança da empresa, uma sucessão planejada era uma exceção. Hoje, o assunto é muito mais falado e a lógica do planejamento está muito mais vigente. Contudo, muitas famílias empresárias ainda não colocam o tema da sucessão como uma prioridade e, no corre-corre do dia-a-dia, este assunto fica em segundo plano. O fato é que, se um negócio obter sucesso e perdurar no tempo, a sucessão irá ocorrer, quer a família esteja preparada ou não. Portanto, é melhor estar preparado.


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